O professor Patrick Given-Wilson, em sua palestra (vídeo completo em pariyatti.org, em breve com legendas em pt-BR) conta que nos primeiros tempos, quando Goenkaji ainda dava seus cursos em hindi, um grupo de alunos estrangeiros pediu que desse um curso em inglês. Ele hesitou, achando que seu domínio da língua não permitiria, mas eles insistiram muito. Chegaram a pedir a intervenção de Sayagyi U Ba Khin, que apoiou a iniciativa. Garantiu ao seu aluno que seu inglês seria suficiente. Os alunos ocidentais eram um grupo de 11 e alugaram um casarão em Dalhousie, nas montanhas. Na verdade, Goenakji estava feliz de ir a Dalhousie, lá nos Himalaias. Só estava preocupado quanto ao seu inglês.
Primero curso em Inglês, Dalhousie, Octubre 1970
Primeiros cursos de S.N.Goenka
Primeiros cursos– uma mostra do amor e da grande tolerância de Goenkaji
Foi dado Anapana. Chega a hora da palestra do Dia 1. Ele no assento de Dhamma subitamente sente uma vibração horrível. Como se estivesse sendo sufocado. Mal consegue dar 15 minutos de palestra e é obrigado a parar. No dia seguinte, a mesma sensação, mas consegue dar 25 minutos, mesmo se sentindo totalmente sufocado. Há alguma coisa errada, alguma vibração horrorosa, vinda de algum lugar que não consegue entender. No dia 3, ele percorre o local fazendo a verificação dos estudantes. E entra no quarto do organizador do curso, que, por acaso, ficava ao lado da sala de meditação. Ao entrar, se depara com um crânio em cima da mesa, e uma faca ensanguentada. Pergunta: “O que é isso?”, e o organizador responde: “Bem, antes da minha vinda para cá, meu velho guru me mandou sacrificar um animal e trazer o crânio e a faca ensanguentada comigo. Disse para deixar no quarto e que assim a minha meditação seria muito boa”. Goenkaji disse, “Bem, isso não pode ser. Você precisa se livrar dessas coisas”. Discutiram longamente, mas por fim o organizador aceitou levar embora o crânio e a faca para guardar numa caverna bem distante. Na hora da palestra do Dia 3, aquela sensação de sufocamento tinha sumido. Goenkaji sentiu uma vibração cheia de luz passando direto pelo topo da cabeça. Deu uma palestra impecável, perfeita, de uma hora, em inglês fluente. Depois, deu longas instruções. E quando observou o grupo de estudantes naquela noite, às 21 horas, viu todos absortos, em meditação profunda. Depois disso o curso correu muito bem.
Primeiro curso de 10 dias de S.N.Goenka-1 de setembro de 1955
À esquerda, a amiga de S.N Goenka, professora de história que o convenceu a ficar em seu primeiro curso. Foi a primeira mulher universitária da Birmânia
Outra história narrada por Patrick é sobre os primórdios de Dhamma Giri. O terreno havia sido adquirido e a construção seguia seu ritmo, um curso estava por ter início, quando surgiu um problema. Tinham construído uma pequena casa para o professor, porém, acabou o dinheiro e ainda não tinham conseguido pagar pela obra. Quando Goenkaji soube disso, recusou-se a usar a casa. Disse, “Não vou ficar lá até que tenha sido paga”. O que fazer? Colocaram um biombo na ponta do dormitório feminino, e foi lá que ele e Mataji ficaram. Sem banheiro. Tomavam banho do lado de fora protegidos por uma cortina de esteiras. E compartilhavam os lavatórios com todos os alunos. Isso continuou por seis meses, até conseguirem pagar pela casa. Depois se realizou o primeiro curso de dez dias em Dhamma Giri, com 89 alunos e alunas. Anteriormente, era apenas para alunos antigos.
E ao final daquele curso de 10 dias, Goenkaji deu um aviso muito importante. Ele disse, “De hoje em diante, todos os meus cursos serão na base de Dana. Nunca mais vou cobrar por cursos”. Como ele conta nas palestras dos nossos cursos de 10 dias, os membros do Conselho ficaram preocpados, mas ele foi firme. E, claro, foi um sucesso.