A Dívida da Índia

IMC2000 Quando encontrei Sayagyi U Ba Khin pela primeira vez, ele disse: “Vou ensinar para vocês o que a Índia tem de melhor para oferecer quanto à esfera espiritual. Se chama Vipassana”. Cheguei em casa e pesquisei com profundidade nos dicionários de Hindi e Sânscrito, mas não consegui encontrar essa palavra. Ao perder a joia do Dhamma puro, Bharat realmente tinha se empobrecido. Sayagyi queria devolver essa joia à Índia, dizendo que ela faria o trabalho por si só, mas, infelizmente, o governo da Birmânia recusou a expedição do seu passaporte. Naqueles tempos, somente se outorgava um passaporte sob duas condições: que a pessoa quisesse abandonar o país para sempre ou que tivesse conseguido um trabalho em outro país. Meu Professor não cumpria com nenhuma dessas condições, sendo assim nunca pôde visitar a Índia.

O tempo passou e fiquei sabendo que minha mãe, que tinha ido embora da Birmânia alguns anos atrás e tinha se estabelecido com outros membros da família na Índia, estava doente. Ao escutar que o governo birmanês tinha complicado a situação na Birmânia para os indianos, minha mãe começou a se preocupar e isso afetou a sua saúde. Eu sabia que ela ficaria melhor se meditasse e decidi ir para a Índia para ensinar Vipassana à ela. No dia seguinte, solicitei um passaporte. Como meu amigo  U Tin Han era Ministro do Departamento de Assuntos Exteriores, tive acesso ao passaporte facilmente.

Quando Sayagyi ficou sabendo, ficou muito entusiasmado e disse: “A grande dívida da Birmânia com a Índia, por ter nos dado o inestimável presente de Vipassana, que eu queria devolver, agora é você que tem que devolver”. Me nomeou oficialmente Professor de Vipassana antes que eu partisse.

curso de rua

Tinha indo à Índia para ensinar Vipassana para a minha mãe e para o meu pai e se qualquer outra pessoa participasse do curso seria muito bom. Além da minha família, eu conhecia poucas pessoas na Índia, mas não em profundidade. Tinha muitas dúvidas de como poderia ensinar Vipassana em um país tão grande. Inclusive, se tentasse organizar um retiro de Vipassana, alguém participaria? Tinha dúvidas a respeito de onde iriam ser organizados os cursos, quem iria coordená-los e de onde viriam ou recursos financeiros necessários para levá-los a cabo. Estava bastante preocupado por tudo isso, mas logo lembrei das palavras tranquilizadoras do meu Professor: “Você não vai estar coordenando o curso, isso estará sob meus cuidados. Então, fique tranquilo”.

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